Friday, January 13, 2006

Carta para 2044

Oi, Mauro.

Se você está abrindo essa carta hoje, vinte e dois de julho de dois mil e quarenta e quatro, vai estar tendo uma visão do passado. Porque você costumava ser eu quatro décadas atrás. E para ter certeza dessas palavras serem surpresa, estarei indo a uma sessão de hipnose daqui a três horas.

O porque disso tudo? Talvez um pouco de diversão. O fato é que resolvi fazer isso para que você tenha uma leitura bem agradável, lembrando de coisas boas que fez nos seus anos de juventude, justamente quando estará por completar sessenta e cinco. E falando em coisas boas, você lembra da Maria Theresa, aquela loirinha de cabelos longos e lábios carnudos? Pois você a comeu ontem. Fez ela gozar quatro vezes. Três com a boca. Mandou tão bem que ela até sugeriu chamar a Julinha, aquela amiguinha maluca dos cabelos cor de fogo, para brincar a três. Será que vai? Bem, isso com certeza, por mais gagá que você possa ter ficado, certamente não vai esquecer.

Ah, e hoje em dia você participa do clube do açougue, uma confraria feita por remanescentes da turma do colégio, onde se come, se bebe e se fala de carne. Uma tríplice aliança potencialmente explosiva. Fico aqui curioso em saber dos males que você estará sofrendo a longo prazo por conta dessa mistura explosiva.

Como andam as fotos? Aposto que você encheu vários DVDs com elas. A câmera até hoje já bateu exatas quatro mil, oitocentas e quarenta fotos. Ela ainda existe? Aliás, DVD ainda existe?

E tinha também sol e corpo queimado. Marca de biquínis embebidas com cheiro de maresia uma vez por semana em Boa Viagem, acompanhadas sempre de casquinho de caranguejo e uma soda bem gelada. E festivais de inverno lá em Garanhuns, com direto a seis graus em pleno Pernambuco.

E você, Mauro Aguiar? O que faz de bom hoje em dia? Não faço a mínima idéia. Espero apenas que esteja cuidando bem de mim.

Abração e muita saúde

Eu

P.S. – Espero apenas que você não tenha virado viado.

- E essa carta, amor? De quem é?
- De ninguém, querida. Apenas um fantasma.
- Um fantasma?
- E um fantasma feliz, Julinha. Acho que você fez um bom trabalho.

3 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Que perfeito, Deco!!!
Adorei esse!


(alguma semelhança com Mauro Aguiar? eu acho que achei várias...)

Friday, January 13, 2006  
Anonymous Anonymous said...

Fiquei com vontade de mandar uma carta dessas, mas duvido que o destinatáro esteja vivo para ler... mas vou tentar assim mesmo...

Friday, January 13, 2006  
Anonymous Anonymous said...

tu se inspirou naquela carta que tu vai abrir em 2 anos? ;)

:*

Friday, January 13, 2006  

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