Carta para 2044
Oi, Mauro.
Se você está abrindo essa carta hoje, vinte e dois de julho de dois mil e quarenta e quatro, vai estar tendo uma visão do passado. Porque você costumava ser eu quatro décadas atrás. E para ter certeza dessas palavras serem surpresa, estarei indo a uma sessão de hipnose daqui a três horas.
O porque disso tudo? Talvez um pouco de diversão. O fato é que resolvi fazer isso para que você tenha uma leitura bem agradável, lembrando de coisas boas que fez nos seus anos de juventude, justamente quando estará por completar sessenta e cinco. E falando em coisas boas, você lembra da Maria Theresa, aquela loirinha de cabelos longos e lábios carnudos? Pois você a comeu ontem. Fez ela gozar quatro vezes. Três com a boca. Mandou tão bem que ela até sugeriu chamar a Julinha, aquela amiguinha maluca dos cabelos cor de fogo, para brincar a três. Será que vai? Bem, isso com certeza, por mais gagá que você possa ter ficado, certamente não vai esquecer.
Ah, e hoje em dia você participa do clube do açougue, uma confraria feita por remanescentes da turma do colégio, onde se come, se bebe e se fala de carne. Uma tríplice aliança potencialmente explosiva. Fico aqui curioso em saber dos males que você estará sofrendo a longo prazo por conta dessa mistura explosiva.
Como andam as fotos? Aposto que você encheu vários DVDs com elas. A câmera até hoje já bateu exatas quatro mil, oitocentas e quarenta fotos. Ela ainda existe? Aliás, DVD ainda existe?
E tinha também sol e corpo queimado. Marca de biquínis embebidas com cheiro de maresia uma vez por semana em Boa Viagem, acompanhadas sempre de casquinho de caranguejo e uma soda bem gelada. E festivais de inverno lá em Garanhuns, com direto a seis graus em pleno Pernambuco.
E você, Mauro Aguiar? O que faz de bom hoje em dia? Não faço a mínima idéia. Espero apenas que esteja cuidando bem de mim.
Abração e muita saúde
Eu
P.S. – Espero apenas que você não tenha virado viado.
- E essa carta, amor? De quem é?
- De ninguém, querida. Apenas um fantasma.
- Um fantasma?
- E um fantasma feliz, Julinha. Acho que você fez um bom trabalho.
Se você está abrindo essa carta hoje, vinte e dois de julho de dois mil e quarenta e quatro, vai estar tendo uma visão do passado. Porque você costumava ser eu quatro décadas atrás. E para ter certeza dessas palavras serem surpresa, estarei indo a uma sessão de hipnose daqui a três horas.
O porque disso tudo? Talvez um pouco de diversão. O fato é que resolvi fazer isso para que você tenha uma leitura bem agradável, lembrando de coisas boas que fez nos seus anos de juventude, justamente quando estará por completar sessenta e cinco. E falando em coisas boas, você lembra da Maria Theresa, aquela loirinha de cabelos longos e lábios carnudos? Pois você a comeu ontem. Fez ela gozar quatro vezes. Três com a boca. Mandou tão bem que ela até sugeriu chamar a Julinha, aquela amiguinha maluca dos cabelos cor de fogo, para brincar a três. Será que vai? Bem, isso com certeza, por mais gagá que você possa ter ficado, certamente não vai esquecer.
Ah, e hoje em dia você participa do clube do açougue, uma confraria feita por remanescentes da turma do colégio, onde se come, se bebe e se fala de carne. Uma tríplice aliança potencialmente explosiva. Fico aqui curioso em saber dos males que você estará sofrendo a longo prazo por conta dessa mistura explosiva.
Como andam as fotos? Aposto que você encheu vários DVDs com elas. A câmera até hoje já bateu exatas quatro mil, oitocentas e quarenta fotos. Ela ainda existe? Aliás, DVD ainda existe?
E tinha também sol e corpo queimado. Marca de biquínis embebidas com cheiro de maresia uma vez por semana em Boa Viagem, acompanhadas sempre de casquinho de caranguejo e uma soda bem gelada. E festivais de inverno lá em Garanhuns, com direto a seis graus em pleno Pernambuco.
E você, Mauro Aguiar? O que faz de bom hoje em dia? Não faço a mínima idéia. Espero apenas que esteja cuidando bem de mim.
Abração e muita saúde
Eu
P.S. – Espero apenas que você não tenha virado viado.
- E essa carta, amor? De quem é?
- De ninguém, querida. Apenas um fantasma.
- Um fantasma?
- E um fantasma feliz, Julinha. Acho que você fez um bom trabalho.
3 Comments:
Que perfeito, Deco!!!
Adorei esse!
(alguma semelhança com Mauro Aguiar? eu acho que achei várias...)
Fiquei com vontade de mandar uma carta dessas, mas duvido que o destinatáro esteja vivo para ler... mas vou tentar assim mesmo...
tu se inspirou naquela carta que tu vai abrir em 2 anos? ;)
:*
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